Sua empresa está preparada para a Nova Economia?
Atualizado: 1 de set. de 2022
Ao longo da história da humanidade, tentamos entender o mundo, seus cenários e características, para saber como nos comportar e lidar melhor com os acontecimentos. Diversos termos e conceitos foram criados para compreendermos a nossa realidade, sempre pautados nas transformações, que acompanham as transições pelas quais a humanidade passou e continua passando, afetando as relações interpessoais e as de trabalho, assim como o mercado e os negócios.
O exército americano criou, logo após o fim da Guerra Fria, o termo VUCA, para descrever as transformações mundiais, as possíveis novas dinâmicas do mundo. E esta definição permanece muito atual. A sigla VUCA é utilizada para identificar os termos em inglês volatility, uncertainty, complexity e ambiguity.
Dizer que vivemos em um Mundo VUCA significa que nossa realidade é volátil (inconstante, em rápida e inesperada mudança), incerta (difícil de prever), complexa (difícil de compreender ou processar, caótica) e ambígua (pode ser interpretada de diferentes maneiras, inclusive contraditórias).
Já em 2018, o antropólogo e futurologista Jamais Cascio, em um evento organizado pelo Institute For The Future (IFTF), descreveu que vivemos em um Mundo BANI, cuja sigla, também em inglês, significa: brittle, anxious, nonlinear e incomprehensible. Traduzindo, nosso mundo é frágil (inseguro, não há garantias, os paradigmas podem ser quebrados em um instante), ansioso (há uma sensação coletiva de ansiedade, de que precisamos tomar decisões rápidas, para acompanhar às constantes mudanças), não-linear (não há um sentido único, portanto os resultados são inesperados e com consequências em massa) e incompreensível (cenários mudam rapidamente e não há padrões definidos para o entendimento; o que ontem era considerado verdade, pode não ser mais válido).
A pandemia do Covid-19 potencializou e reforçou o conceito, mas o mundo BANI ganhou mesmo notoriedade com a publicação do artigo de Cascio, denominado “Facing The Age Of Chaos”, ou “Encarando a Era do Caos”, em tradução livre.
Ambos os conceitos explicitam que vivemos em constantes transformações e precisamos nos adaptar, com agilidade, aos novos cenários, para que possamos ter o nosso "lugar ao sol"!
O cenário é turbulento e dinâmico, se prender a antigos paradigmas e práticas pode significar ser engolido por negócios inovadores. Dominar as novas regras são atitudes que definem quem permanece no mercado.
Em um mundo em constante evolução, as empresas também precisam acompanhar as rápidas mudanças e, recorrendo à tecnologia e à inovação. Assim, foi consolidada a Nova Economia.
O que é a Nova Economia?
A Nova Economia refere-se a um novo modelo de negócio das empresas, com base no investimento em tecnologia e inovação, apoiado em uma gestão ágil, com estruturas mais flexíveis, centrada em pessoas e focada na solução de problemas reais dos clientes. Na Nova Economia todos os tipos de negócios são direcionados pela tecnologia, pensando em seu impacto social, sustentabilidade, experiência do usuário e a valorização do indivíduo, para o desenvolvimento de produtos e serviços.
Nesta nova lógica de mercado, as empresas deixam de se concentrar em produtos, para priorizar serviços, e os modelos de negócio assumem maior flexibilidade para personalizar soluções conforme as preferências do cliente.
O conceito representa uma disrupção em relação a muitas das premissas enraizadas nas empresas até o final do século 20, como a centralização do mercado e consumidores passivos.
A Nova Economia engloba termos como Economia Digital, Indústria 4.0 e Transformação Digital, que geram automação de processos e operações, inteligência de máquinas, robôs e dados (big data), digitalização e virtualização dos negócios, para que as pessoas possam se dedicar à promoção de bem-estar e encantamento do cliente.
O primeiro registro oficial do termo Nova Economia foi identificado no artigo “The Triumph of the New Economy – A powerful payoff from globalization and the Info Revolution“ ou, em livre tradução, "O triunfo da nova economia – uma poderosa recompensa da globalização e da revolução da informação", escrito por Michael J. Mandel e publicado na revista BusinessWeek. O termo ganhou destaque por Don Tapscott no livro, "The Digital Economy: Promise and Peril in the Age of Networked Intelligence" (de 1995), que, em português significa "A economia digital: promessa e perigo na era da inteligência em rede", um dos primeiros a mostrar como a Internet mudaria a maneira de fazermos negócios.
Em 2021, Diego Barreto, VP de Finanças e Estratégia do iFood, lançou o primeiro livro sobre os impactos da Nova Economia no Brasil: “Nova Economia – Entenda por que o perfil empreendedor está engolindo o empresário tradicional brasileiro”, que se tornou uma das referências para o universo do empreendedorismo no país.
Mesmo após a explosão da bolha das empresas PontoCom, em 2000, as bases da nova economia já estava instaladas, impulsionando formatos inovadores de empreendedorismo e negócios disruptivos, como as startups, com a finalidade de preencher as lacunas de mercado, os problemas ainda não solucionados ou resolvidos de maneira ainda insatisfatória.
Comparando a Velha e a Nova Economia, a primeira representa os modelos tradicionais de fazer negócios, que possibilitavam um longo tempo (geralmente vários anos) para pesquisas, desenvolvimento, produção e, finalmente, a entrega de soluções ao mercado. Já a Nova Economia, explora a simplicidade (MVP, que significa Produto Mínimo Viável), possibilidade de testar rapidamente, errar o quanto antes, para corrigir e entregar a solução ideal ao mercado, permitindo direcionar e escalar investimentos com assertividade.
Excelência na prestação de serviços é um dos pilares da nova economia. Se no passado ter um serviço ruim era aceitável, na nova economia não é. Embora pareça óbvio dizer que o mundo mudou, algumas empresas e pessoas ainda não compreenderam plenamente estas mudanças.
Passa a ser necessário um perfil tecnológico, ou seja, as empresas produzem com equipes multidisciplinares, que entendem de dados, técnica e não têm medo da tentativa e erro para alcançar resultados exponenciais.
As pequenas e médias empresas são, na Nova Economia, incentivadas a construírem um caminho fora do tradicional, utilizando a tecnologia como um acelerador de resultados, lançando mão da valorização de novas ideias e a capacidade de escalar produtos e serviços.
Os 7 Princípios da Nova Economia
A Internet e as tecnologias que vêm surgindo a todo momento mudaram as dinâmicas e a competitividade de mercado, com novos agentes intermediários, como as plataformas e os Marketplaces e empresas menores, que passam a concorrer com as grandes tradicionais com a mesma abrangência. Mudanças também ocorreram no comportamento do consumidor que, agora, possui maior poder de escolha e mais opções e facilidades para encontrar a solução ideal para atender às suas demandas. Tais transformações nos hábitos de compra impulsionaram, inclusive, um jeito diferente de pensar e gerir os negócios.
Tendo em vista este cenário, podemos listar os 7 princípios desta Nova Economia são:
1. Propósito
As empresas precisam ter um propósito claro, uma razão para existir, que motive a construção do negócio e o desenvolvimento de suas atividades pelos seus colaboradores. O propósito pode ser o grande diferencial da empresa no mercado, pois definem a missão e os valores, também avaliados pelos clientes.
Lucro e dinheiro já não são os únicos indicadores do sucesso, quando entendemos que podem simplesmente deixar de existir, com a substituição por um novo produto ou modelo de negócio, como ocorreu com os fabricantes de máquinas de escrever, as locadoras de filmes e muitas outras outras categorias de produtos e serviços.
2. O Cliente é o Centro
As empresas que se destacam na Nova Economia são aquelas que melhor conhecem o seu cliente, o seu público-alvo e reconhecem suas dores, para pensar e criar as soluções mais adequadas para ele.
Entender que o cliente é o centro, significa que todos os processos e atividades convergem para ele, os investimentos são direcionados não somente para a satisfação, mas para o encantamento do cliente. Há uma conexão emocional entre empresa e consumidor, que se desdobra em lealdade e ampliação dos serviços à medida que novos desejos são identificados.
3. É Possível Criar Uma Demanda
Nem sempre as pessoas sabem o que desejam. Na velha economia, o pensamento era de que as necessidades e desejos já existiam, cabendo às organizações apenas a percepção e oferta de um produto ou serviço que suprisse aquela demanda estabelecida.
Na Nova Economia, há a criação de demandas, a partir do momento que há inovação. As empresas passaram a pensar "fora da caixa" e criar produtos e/ou serviços que resolvem problemas que seus consumidores sequer perceberam a existência, até que uma solução seja oferecida. Este é o caso dos smartphones, que surgiram para permitir o acesso à Internet, comunicação por outros meios e utilização de aplicativos pelo celular, quando as pessoas ainda não imaginavam que poderiam ter esta opção.
Logo, a novidade atraiu mais pessoas, construindo demandas baseadas no desejo de mobilidade para tarefas e os serviços mais ágeis e imediatos.
4. Falhas e Flexibilidade
As transformações em alta velocidade exigem flexibilidade, permitindo adaptações rápidas, para que as empresas aproveitem oportunidades e, se necessário, corrijam os rumos, com a agilidade.
Com o crescimento do ecossistema de startups, uma cultura de inovação se estabeleceu, considerando as possibilidades de errar ou, até mesmo, de pivotar (alterar completamente a solução, o público-alvo ou o modelo de negócios), desde que seja ágil.
O erro é necessário para a inovação e não pode ser temido, mas quanto antes errar, melhor será para ajustar e seguir em frente. Para tanto, há um processo iterativo e incremental, sempre gerando mais valor em ciclos que passam por: construir - medir (validar) - aprender - ajustar.
5. Ambiente de Incertezas
Uma solução nunca está totalmente acabada, pois sempre há o que melhorar, o que gera um cenário de incertezas.
Na Nova Economia, é sempre necessário monitorar o consumidor, alimentar o relacionamento e acompanhar as preferências e mudanças em seu comportamento.
Para minimizar os efeitos da incerteza no orçamento das empresas, há estratégias extraídas de metodologias ágeis, como a construção e oferta de um Produto Mínimo Viável (MVP ou Minimum Viable Product), uma versão simplificada da solução, que será testada e aprimorada, a partir das avaliações dos clientes em potencial.
A definição de curtos prazos para o desenvolvimento iterativo também proporciona maior agilidade nas respostas aos imprevistos.
6. Oportunidade na Crise
Em momentos de crise, as oportunidades não exploradas geralmente são mais notadas, já que se torna mais necessário recorrer à criatividade para a superação os obstáculos. Assim, surgem as inovações e descobertas. As crises provocam mudanças de comportamento, que podem significar novas demandas.
Durante o isolamento social causado pela pandemia de coronavírus, por exemplo, as empresas se reinventaram, o e-commerce e o delivery avançaram, artista realizaram shows e espetáculos via Internet (em lives), as soluções de videoconferência se tornaram ainda melhores e mais importantes e muitas mudanças e medidas foram necessárias e seguem vigentes, como o teletrabalho ou o ensino à distância.
7. Inovar para Continuar
Uma realidade do contexto atual é que, para se manterem competitivas, as empresas precisam se reinventar após períodos curtos, de apenas alguns anos.
Isso porque as transformações são frequentes e rápidas, o que pede inovação – e pivotagem – para que as companhias se mantenham relevantes e atraentes ao consumidor.
Lembrando que inovar nem sempre significa inventar algo do zero.
Na maioria das vezes, se parece mais com uma adequação a um contexto ou detalhe que não havia sido notado.
As 7 características da Nova Economia
O professor Peter Liesch, especialista em negócios internacionais da Escola de Negócios da Universidade de Queensland, diz que as empresas precisam entender as implicações da Nova Economia para suas próprias operações.
Neste sentido, ele destaca as sete principais características da Nova Economia.
1. Mais opções de produção
Os processos de produção podem ocorrer em outros locais, terceirizados ou em outras formas de parceria, desde que resulte em maior eficiência. O negócio pode ser remodelado, para que a empresa tenha maior escalabilidade.
2. A chance de criar novos mercados
Considerando que o princípio de que novas demandas podem ser criadas, é possível afirmar que há chances de criação de novos mercados, desde que os empreendedores consigam reconhecer e explorar as oportunidades.
3. Pequenas empresas podem pensar grande
O sucesso internacional não se limita mais aos grandes negócios, as pequenas empresas podem ser tão internacionais quanto as grandes.
4. Um campo de jogo mais equitativo
As oportunidades não se limitam às áreas da ciência e tecnologia. Além de desenvolver produtos ou serviços, é possível inovar também com o melhor uso dos produtos ou serviços, executar as tarefas de uma maneira diferente, o que pode gerar uma vantagem competitiva para as organizações. A inovação é democrática e não está restrita às barreiras geográficas, ideias brilhantes podem surgir de qualquer lugar.
5. Networking é importante
As redes de contato proporcionam o conhecimento de mercado, que as empresas sejam conhecidas e as interconexões. O Network favorece o surgimento de parcerias estratégicas e a colaboração entre as organizações.
6. A cultura não é uma restrição
As diferenças culturais não podem impedir negócios, apesar de representarem um ponto de atenção. É possível superá-las, aprendendo sobre os outros mercados.
7. Regionalização, não globalização
Apesar de vivermos em uma economia globalizada, as conexões entre empresas geralmente ocorrem de maneira regional. A pesquisa sobre o comportamento e os padrões de comércio das empresas Fortune 500 revela a regionalização na maioria dos setores da indústria.
Modelos de Negócios da Nova Economia
A Nova Economia determina uma revolução nos modelos de negócio, com a fragmentação, a personalização, flexibilidade, eliminação de desperdício, ambientes horizontais, transparência, a cultura de inovação, conhecimento e compartilhamento, e a valorização do bem-estar pessoal, tanto dos funcionários quanto dos clientes.
Segundo o executivo Adriano Silva, do Projeto Draft, os novos modelos de negócio podem ser classificados em 4 grupos:
Criativos
Parte de uma reconstrução ou renovação do pensamento, ou seja, de uma disrupção. Modelos criativos produzem bens intangíveis por meio do conhecimento, áreas e atividades, atendendo aos propósitos do empreendedor.
Escaláveis
São os negócios capazes de ganhar escala rapidamente, que dispõem de uma solução que pode ser replicada várias vezes, sem que se precise aumentar o investimento em estrutura, capital e mão de obra. Um exemplo são os serviços de streaming.
Sociais
Também chamados negócios de impacto, têm como objetivo central promover melhorias nas comunidades. Costumam se desenvolver em segmentos como educação, moradia, saúde e capacitação profissional, capazes de impulsionar mudanças sociais profundas.
Inovadores Corporativos
São modelos baseados nos colaboradores, que praticam o empreendedorismo interno, testando novas ideias com investimentos da corporação onde atuam. Assim, as empresas seguem repensando e aprimorando suas soluções, para manter o cliente satisfeito e, se possível, leal à marca.
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